top of page

Assemia

Labirintos entre a pintura e a escrita

Essa pesquisa surge em 2020 a partir das obras TriBáw e Função Transcendente, mas só em 2022, no diálogo com a poeta Lia Petrelli, começo a entender qual é exatamente meu objeto de estudo. Veja, como minha expressão é norteada pela construção simbólica inconsciente, o fazer antecede a compreensão. Sendo assim, eu primeiro produzi uma série de obras - algumas expostas no livro Arte Alimenta - para só depois entender o que eu estava produzindo. Aqui estão expostas algumas obras construídas após essa compreensão, ou seja, a partir de um direcionamento racional para um aprofundamento conceitual da pesquisa.

 

Hoje já é muito claro pra mim o que estou pesquisando: busco ultrapassar os limites das linguagens artísticas e aproximar a pintura da poesia. Para isso, debruço-me sobre os estudos dos movimentos literários concreto e neoconcreto, chegando ao estudo da poesia-práxis e do poema-processo, e finalmente na escrita assêmica, i.e. a escrita destituída de significado semântico, na qual a estética gráfica e o movimento do corpo ganham destaque em detrimento das normas linguísticas e gramaticais.

Sem Título, 80x120, 2022_edited.jpg
20230131_183849_edited_edited.jpg

Aqui os pequenos traços que ocupam os quadros são compreendidos como signos de um universo sintático particular - como se constituíssem um alfabeto próprio - e de fato transmitem uma mensagem literária, mesmo que irracional. Sendo assim, cada obra torna-se, como um texto literário, completamente singular, a partir da experiência de seu próprio processo criativo.

A assemia se coloca então no diálogo entre a espacialidade das palavras dispostas na tela e a abstração das pinceladas bruscas ou das manchas aquosas de tinta. Dessa forma se evidencia sua força de transcendência, isto é, sua capacidade de habitar a fronteira entre as diferentes linguagens, constituindo-se como miscigenação.

20230131_184119_edited_edited.jpg

A nomeclatura "labirinto" sugere que é possível percorrer o quadro de uma ponta a outra através de um caminho interno, criado pelo que Derrida chamou de "espaços assêmicos", ou seja, os espaços em branco entre os signos linguísticos, necessários à compreensão gramatical. Não há, porém, um caminho certo, podendo cada observador-participante traçar o seu próprio caminho dentro da obra, corroborando a ideia que o Dias-Pino teve de "versões".

Sob um outro ponto de vista cada obra é também compreendida como um mundo em si mesma, e cada pequeno risco, denominado "labirintío" é um ser vivo, que exerce seu livre-arbítrio no tempo entre a sinapse que motiva o movimento do artista e a pincelada que crava no território a materialização de um desejo no espaço ocupado. 

20230131_184634_edited.jpg
20230131_184657_edited.jpg
20230131_184359_edited.jpg

Povoando o Imaginário

20230123_224122_edited.jpg

Da mesma forma que a assemia busca ultrapassar os limites que separam as linguagens artísticas para se afirmar não como literatura, pintura, música ou teatro, mas como poesia, a perfomance "Povoando o Imaginário" surge como possibilidade de abstração das fronteiras eu-outro para a ocupação de um não-lugar.

A persistencia da imagem e a força da poesia ultrapassam o estado de presença físico e ocupam o imaterial plano das ideias de quem entra em contato com a obra, fazendo o artista permanecer no imaginário de quem cruza o seu caminho. Essa pesquisa se caracteriza exatamente pela persistência da imagem através do tempo, gerando um fluxo poético que ultrapassa os limites da individualidade para se fazer presente na memória coletiva.

 

Talvez alguns versos ainda não façam sentido pra ti, mas à medida que você for se conectando com o fluxo espaço-temporal da obra, entenderás que a poesia mora em você

bottom of page